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quarta-feira, 30 de abril de 2014

CONSERVATÓRIO REGIONAL DE MÚSICA DE VISEU - E.B. ROLANDO de OLIVEIRA


Recebemos, hoje, a visita de alguns professores de instrumentos de sopro (madeira e metal) do Conservatório Regional de Música de Viseu, Dr. Azeredo Perdigão, no âmbito do 7.º Festival de Música da Primavera, que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Viseu e o Conservatório desta nossa cidade.

O Conservatório Regional de Música de Viseu, Dr. Azeredo Perdigão é apoiado pelo Ministério da Educação. Esta visita teve, também, a ver com a implementação do ensino articulado da música, desde o ano letivo 2008/2009, numa reforma governamental, permitindo, de forma gratuita, estender o ensino da música a um maior número de alunos.

CONTOS DE HANS CHRISTIAN ANDERSEN


segunda-feira, 28 de abril de 2014

DIA MUNDIAL DO SORRISO

O Dia Mundial do Sorriso assinala-se a 28 de Abril.

A data foi criada em 1963 por Harvey Ball, um artista de Worcester, Massachussets, que criou a imagem do smiley, reconhecida internacionalmente.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

CARTAZ 25 de ABRIL - campo lexical



HISTÓRIA de UMA FLOR - Matilde Rosa Araújo

  História de uma flor

A flor vermelha, desde que tivera a cor que o sol lhe havia dado, começara breve a vida,
a sua verdadeira vida ligada à terra.
E em vida sorriu. Vida breve de flor que em breve iria morrer.
Mas continuaria.
(…)
Pela mão de uma criança, filha dos homens, separou-se da terra, partiu.
A mãe recebeu a flor da mão do filho e sorriu:
— Sabes que esta flor tem milhões de irmãos? – perguntou-lhe.
— Ela vivia tão só, no charco dos sapos… - observou a criança.
— Onde estão eles, os irmãos?
— Vem ver…
E a mãe deu-lhe a mão direita muito suave e segura enquanto a esquerda prendia a flor.
E ambos caminhavam pelas ruas.
Nas ruas havia flores vermelhas por toda a parte. No peito das mulheres, dos homens, nos
olhos das crianças, nos canos silenciosos das espingardas.
Nem era uma guerra, nem uma festa.
Era o mundo de coração aberto.
O menino, espantado, olhava tudo e todos, e sua mãe.
O menino que fugira pela madrugada diferente para encontrar a flor solitária.
E viu que a mãe chorava.
De alegria.
E com sua mão de seda pura limpou-lhe as lágrimas transparentes.
Ambos haviam entendido a alegria única das flores cortadas. No peito de toda a gente.
E continuaram a caminhar pelas ruas húmidas de alegria.
Rios livres a correrem para o mar.
Numa esquina encontraram o pai, com uma flor ao peito. Abraçaram-se os três, sorrindo.
Como se abraçassem o mundo inteiro.
E continuaram a caminhar.
                              

                        Matilde Rosa Araújo, História de uma flor, Editorial Caminho, 2008 (texto com supressões)

ABRIL 25 na nossa sala

25 ABRIL/CRAVO VERMELHO

25 ABRIL/Cravo Vermelho
Normalmente quando ocorrem as comemorações do 25 de Abril recordamos o significado do Cravo Vermelho estrategicamente colocado no cano das espingardas, e desde esse dia aliado ao sentimento que dominou este movimento revolucionário. Tudo terá começado por coincidência, mas a verdade é que o cravo ficará para sempre associado à revolução de Abril de 1974.O cravo tornou-se no símbolo da Revolução de Abril de 1974. Com o amanhecer as pessoas começaram a juntar-se nas ruas, apoiando os soldados revoltosos; alguém (existem várias versões, sobre quem terá sido, mas uma delas é que uma florista contratada para levar cravos para a abertura de um hotel, foi vista por um soldado que pôs um cravo na espingarda, e em seguida todos o fizeram) começou a distribuir cravos vermelhos pelos soldados que depressa os colocaram nos canos das espingardas." (Wikipédia)
O vermelho como cor dominante dos cravos de Abril também foi coincidência mas serviu na perfeição os objetivos da revolução já que esta cor (do fogo e do sangue) é o símbolo fundamental do princípio da vida, com a sua força, o seu poder, o seu brilho.
O que é Cravo:
O cravo é a flor do craveiro, cujo nome científico é Dianthus caryophyllus, que pertence ao gênero Dianthus e à família Caryophyllaceae. Esta planta pode atingir até um metro de altura e existem por volta de 300 espécies de craveiros, sendo que muitas espécies surgiram graças à manipulação genética. Esta flor é de fácil cultivo e tem um suave aroma, que muitas vezes é usado para fazer perfumes.
O cravo é uma flor originária do sul da Europa e pode ser cor de rosa, roxa, vermelha, branca ou amarela. Relativamente ao cultivo, os cravos precisam de terra rica em argila, misturada com um pouco de estrume, adubo vegetal e areia. É comum ver um cravo na lapela dos noivos e dos padrinhos nos casamentos tradicionais.
Na Grécia Antiga, coroas de cravos eram usadas em cerimónias. Na altura do Renascimento, os cravos era um sinónimo de fidelidade matrimonial. As diferentes cores dos cravos podem ter significados diferentes:
·   Cravos brancos: associados ao amor puro,talento, boa sorte, inocência.
· Cravos vermelhos: significa respeito, amor e paixão. É oferecido como demonstração de admiração.
·  Cravos cor de rosa: remete para felicidade e gratidão. Quando é oferecido a alguém, significa que  essa pessoa é sempre lembrada.
·  Cravos roxos: significa solidão, inconstância, ausência de capricho.
· Cravos amarelos: apesar de significarem rejeição e desdém, quando integrados num arranjo de muitas cores vivas, significa alegria e vivacidade.
Esta flor, cultivada desde os tempos da Antiguidade, tem grande valor simbólico e histórico. Em Portugal, o cravo-vermelho é o símbolo da Revolução dos Cravos, que aconteceu a 25 de Abril de 1974, uma data celebrada todos os anos e conhecida como Dia da Liberdade.
De acordo com Anna Jarvis, fundadora do Dia das Mães nos Estados Unidos, um cravo rosa é o símbolo das mães em vida e o cravo branco o símbolo das mães que já partiram.


PILHÃO - na nossa escola

O que é e para que serve o Pilhão?
 O Pilhão é a designação genérica dada aos recipientes utilizados para depositar as pilhas e acumuladores usados. Colocar estes resíduos no Pilhão garante o seu encaminhamento para triagem e posterior reciclagem.
 De norte a sul do país, existem pilhões nos Ecopontos, nos super e hipermercados, lojas de fotografia, de informática, escolas, farmácias, papelarias, entre tantos outros locais.

Ao invés de guardar as pilhas usadas dentro de uma gaveta tempos infindáveis, porque não aproveitar o passeio ao final do dia para uma breve deslocação ao Pilhão?

Uma vez aí colocadas as pilhas são recolhidas, triadas por sistemas químicos e recicladas. Decorrido todo este processo os materiais passíveis de nova utilização, como o zinco e o manganésio, voltam a entrar na indústria, reiterando a velha máxima de que “nada se perde, tudo se transforma”!
Sobre a Ecopilhas

 A Ecopilhas, Sociedade Gestora de Resíduos de Pilhas e Acumuladores, é uma empresa sem fins lucrativos constituída pelos principais Produtores e Importadores de Pilhas e Acumuladores que operam no mercado português. Tem como função principal assegurar o funcionamento do SIPAU (Sistema Integrado de Pilhas e Acumuladores Usados), gerindo um conjunto de operações que asseguram a recolha seletiva, armazenagem temporária, triagem e reciclagem das pilhas e acumuladores usados. 

quarta-feira, 23 de abril de 2014

CAROS LEITORES...


DIA MUNDIAL do LIVRO e do DIREITO de AUTOR

Origem da data
A UNESCO instituiu em 1995 o Dia Mundial do Livro. A data foi escolhida por ser um dia importante para a literatura mundial - foi a 23 de Abril de 1616 que faleceu Miguel de Cervantes e a 23 de Abril de 1899 nasceu Vladimir Nabokov.
O Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge.
A data tem como objetivo reconhecer a importância e utilidade dos livros, assim como incentivar hábitos de leitura na população. Serve ainda para chamar a atenção para a importância do livro como bem cultural, essencial para o desenvolvimento da literacia e desenvolvimento económico
O dia 23 de Abril é também recordado como o dia em que nasceu e morreu o escritor inglês William Shakespeare.

terça-feira, 22 de abril de 2014

VISITA ao REGIMENTO de INFANTARIA 14 - VISEU

VISITA ao REGIMENTO de INFANTARIA 14 - VISEU

Visita ao Regimento de Infantaria 14

Hoje foi um dia diferente porque saímos da escola e fomos visitar o Regimento de Infantaria 14, em Viseu, no âmbito da comemoração do quadragésimo aniversário do 25 de abril – Dia da Liberdade.
Fizemos o percurso de autocarro, na companhia das outras turmas do 4º ano.
Fomos muito bem recebidos por militares que nos acompanharam ao longo da toda a visita.
Começámos por visitar o museu militar onde pudemos apreciar fardas, armas, bandeiras do tempo das invasões francesas, das 1ª e 2ª guerras mundiais.
De seguida fomos ver as cinco “Pandur”, cada uma na sua especialidade: uma de comando, uma de socorro médico, uma de combate, uma de auxílio mecânico e uma de transporte de soldados. Nesta, entrámos devidamente equipados.
Depois visitámos a Biblioteca, onde vimos fotografias de todos os comandantes desta unidade, assim como, livros que têm servido para investigação a estudantes.
Foi-nos apresentado, finalmente, um vídeo sobre a liberdade, a cidadania, os valores e a democracia. Falou-se sobre a intervenção do RIV14 na revolução dos cravos (1974).
Findo isto, tivemos de regressar à escola porque o almoço estava à nossa espera.
                                                                                                 A turma do 4.º B


A PRIMAVERA VEIO PARA FICAR?


Fotos da Professora Ermelinda Bordonhos

quinta-feira, 17 de abril de 2014

SURPRESA - CLICA NO OVO

"O ROUXINOL" - Hans Christien Andersen



Sabem com certeza que na China o imperador é chinês e que todas as outras pessoas são chinesas também. Esta história aconteceu há muitos anos, mas é precisamente por isso que devem ouvi-la agora, antes que seja esquecida.
O palácio do imperador era o melhor do Mundo, todo ele construído da mais rara porcelana — não tinha preço, mas era tão frágil e delicado que era preciso
tomar todo o cuidado quando se andava lá dentro. O jardim do palácio estava coberto de flores maravilhosas, nunca vistas em outro lado; as mais bonitas de todas tinham sininhos de prata, que tocavam para se saber sempre que passava alguém.
Sim, tudo no jardim do imperador tinha sido muito bem planeado, e ele estendia-se até tão longe que nem o jardineiro fazia a menor ideia onde acabava. Se se fosse sempre andando chegava-se a uma bela floresta com árvores muito altas e lagos muito fundos. A floresta ia até ao mar, que era azul e também muito fundo; grandes navios podiam navegar mesmo por baixo dos ramos das árvores. Nesses ramos vivia um rouxinol que cantava tão bem que até o pobre pescador, com todas as suas dificuldades, parava de deitar as redes todas as noites para o ouvir.
— Ah, que maravilha! — dizia ele.
Mas depois tinha de continuar a trabalhar e esquecia-se da ave. Contudo, na noite seguinte, assim que o rouxinol tornava a cantar, o pescador erguia os olhos das redes e dizia mais uma vez:
— Ah, que maravilha!
Vinham viajantes de todos os países do Mundo para admirar a cidade, o palácio e os jardins do imperador. Mas, assim que ouviam o rouxinol, todos diziam:
— Isto é o melhor de tudo!
E, quando voltavam aos seus países, continuavam a falar da ave. Sábios escreveram livros sobre a cidade e o palácio, mas o rouxinol era elogiado mais do que todas as outras maravilhas, e poetas escreveram emocionantes poemas sobre a ave da floresta perto do mar.
Estes livros eram lidos em todo o mundo, e, um dia, alguns deles chegaram às mãos do imperador. Lá ficou ele, sentado na sua cadeira dourada, a ler sem parar; de vez em quando acenava com a cabeça. Estava contente com as esplêndidas descrições do seu reino. Então, chegou à frase: "Mas, apesar de todas estas maravilhas, nada se compara ao rouxinol."
— Que é isto?! — exclamou o imperador. — O rouxinol? Nunca ouvi falar dele. Imaginem! As coisas que aprendemos nos livros!
Então mandou chamar o camareiro.
— Vi aqui neste livro que temos uma ave admirável chamada rouxinol — disse o imperador. — Parece que é a melhor coisa do meu vasto império. Por que é que ninguém me falou dele?
— Bem — respondeu o camareiro —, nunca ouvi ninguém falar nessa criatura. De certeza que nunca foi apresentada na corte.
— Quero que venha aqui esta noite cantar para mim — disse o imperador. — É uma vergonha que toda a gente saiba o que possuo e eu não!
— Nunca ouvi falar nele — repetiu o camareiro —, mas vou procurá-lo e hei-de encontrá-lo!
Sim, mas onde? O camareiro subiu e desceu todas as escadas, andou por todos os salões e corredores, mas, de todas as pessoas que encontrou, nenhuma tinha ouvido falar do rouxinol. Voltou apressado à presença do imperador e disse-lhe que aquilo devia ser uma história inventada pelos escritores.
— Vossa Majestade Imperial não deve acreditar em tudo o que aparece escrito. As coisas que os autores inventam! É mesmo magia negra!
— Mas o livro onde eu soube da ave — afirmou o imperador — foi-me enviado pelo poderoso imperador do Japão, portanto não pode ser mentira! Quero ouvir o rouxinol! Quero ouvi-lo esta noite.
— Tsing-pe! — respondeu o camareiro.
E lá foi ele outra vez escada abaixo e escada acima, por todos os salões e corredores; metade da corte andava a correr atrás dele. Por fim, encontraram uma pobre rapariguinha na cozinha.
— O rouxinol? — perguntou ela. — Meu Deus! Claro que sei! Que bem que ele canta! A maior parte das noites deixam-me levar para casa alguns restos de comida para a minha mãe, que está doente. Vivemos perto do lago, do outro lado da floresta. E quando volto para o palácio, cansada, sento-me um bocadinho e fico a ouvi-lo cantar.
— Rapariguinha! — exclamou o camareiro —, ofereço-te um lugar permanente na cozinha e dou-te licença para veres o imperador a jantar se nos levares até ao rouxinol. A sua presença é exigida esta noite na corte.
Então, partiram em direcção à floresta onde o rouxinol costumava cantar; mais de metade da corte foi com eles. Enquanto iam andando, uma vaca mugiu.
— Oh! — exclamou um pajem. — Já estou a ouvi-lo! Para um animalzinho tão pequeno faz um barulho extraordinário. Mas, sabem, tenho a certeza de já o ter ouvido.
— Não, não, aquilo é uma vaca a mugir! — exclamou a rapariguinha. — Ainda temos de andar muito.
As rãs começaram a coaxar num charco.
— Maravilhoso! — exclamou o capelão do imperador. — Já estou a ouvir a canção! Parecem mesmo sininhos de igreja!
— Não, não, isso são rãs — disse a rapariguinha da cozinha. — Mas devemos estar quase a ouvi-lo.
Então, o rouxinol começou a cantar.
— Lá está ele! — disse a rapariguinha. — Oiçam! Olhem! Está ali! — e apontou para um passarinho cinzento por entre os ramos.
— Será possível? — exclamou o camareiro. — Nunca pensei que fosse assim. Parece tão vulgar! Tão simples! Talvez tenha perdido a cor quando viu todas estas visitas importantes.
— Rouxinolzinho! — chamou a rapariguinha. — O nosso gracioso imperador gostaria muito que cantasses para ele.
— Com o maior prazer — disse o rouxinol, continuando a cantar tão bem que era um encanto ouvi-lo.
— Parecem mesmo sinos de vidro — disse o camareiro. — Não percebo como é que nunca o tínhamos ouvido. Vai ser um êxito na corte!
— Querem que torne a cantar para o imperador? — perguntou o rouxinol, que pensava que uma das visitas era o imperador.
— Excelentíssimo rouxinol — disse o camareiro —, tenho a honra e o prazer de o convidar para um concerto no palácio esta noite, onde encantará Sua Majestade Imperial com as suas lindas cantigas.
— Soam melhor na floresta — afirmou o rouxinol.
Apesar disso, foi com eles de boa vontade quando ouviu dizer que era desejo do imperador.
Entretanto, que limpezas iam pelo palácio! As paredes e o soalho de porcelana brilhavam, lustrosos, à luz de milhares de luzes douradas. Mesmo no meio do grande salão, junto do trono do imperador, estava um poleiro dourado para o rouxinol. Toda a corte estava presente, e a pequena criadinha da cozinha teve autorização para ficar atrás da porta, porque já tinha o título oficial de Verdadeira Criada de Cozinha. Todos os olhos estavam postos no passarinho cinzento quando o imperador lhe fez sinal que começasse.
Então, o rouxinol cantou tão bem que o imperador ficou com os olhos cheios de lágrimas, que lhe escorreram pelas faces; e o rouxinol continuou a cantar ainda melhor, de modo que cada nota foi direitinha ao coração do imperador. Este ficou muito satisfeito; o rouxinol, declarou ele, iria receber o seu sapato dourado para usar ao pescoço. Mas este agradeceu e recusou, porque já se sentia recompensado.
— Vi lágrimas nos olhos do imperador. Pode lá haver alguma dádiva maior do que essa? As lágrimas de um imperador têm um poder estranho. Já fui suficientemente recompensado.
E cantou mais uma canção com a sua voz maviosa.
— Muito espirituoso, muito divertido; a criatura é namoradeira — diziam as damas da corte, enchendo as bocas de água para fazerem um ruído de gargarejo.
Por que é que não haviam de ser também rouxinóis? Até os lacaios e as criadas de quarto acenavam, com ar de aprovação, o que significa muito, porque estes são sempre os mais difíceis de contentar. Não havia dúvida: o rouxinol era um êxito.
Ficaria na corte e teria uma gaiola só para si, com autorização para ir apanhar ar duas vezes durante o dia e uma vez à noite. Seria acompanhado, em cada excursão, por doze criados, cada um a segurar firmemente uma fita de seda atada a uma patinha da ave. Não, essas saídas não eram muito divertidas.
Um dia, chegou um grande embrulho para o imperador. Trazia uma palavra escrita por fora: ROUXINOL.
— Olha! Outro livro sobre a nossa famosa ave! — exclamou o imperador.
Mas não era um livro; era um pequeno brinquedo mecânico dentro de una caixa, um rouxinol de corda. Tinha o feitio de um verdadeiro, mas estava coberto de diamantes, rubis e safiras. Quando se lhe dava corda, cantava uma das canções que o verdadeiro passarinho costumava cantar, e a sua cauda andava para baixo e para cima, brilhando em prata e ouro. A volta do pescoço trazia uma fita, onde estava escrito: "O rouxinol do imperador do Japão nada vale comparado com o rouxinol do imperador da China."
— Que maravilha! — disseram todos.
E o mensageiro que tinha trazido o presente recebeu o título de Principal Portador Imperial de Rouxinóis.
— Agora têm de cantar juntos. Que dueto que vai ser!
Então os dois passarinhos tiveram de cantar juntos, mas não foi um êxito. O problema era que o verdadeiro rouxinol cantava à sua maneira e a canção do outro saía de uma máquina.
— Isto não é vergonha nenhuma — afirmou o Mestre da Música Imperial. — Está perfeitamente afinado: na realidade, ele até podia ser um dos meus alunos.
Então, o pássaro de corda foi posto a cantar sozinho. Agradou quase tanto à corte como o verdadeiro, e evidentemente que era muito mais bonito à vista, todo brilhante, como uma pulseira ou um alfinete de peito. Cantou a mesma canção trinta e três vezes sem se cansar. Os cortesãos não se importariam de a ouvir mais umas vezes, mas o imperador achou que era a vez do verdadeiro.
Mas onde estava o rouxinol? Tinha voado pela janela, para a sua floresta verdejante, sem ninguém dar por isso.
— Tch, tch, tch! — fez o imperador, aborrecido. — Que significa isto?
E os cortesãos resmungavam e franziam as testas.
— Mas temos aqui o melhor! — disseram.
E o rouxinol de corda teve de cantar outra vez.
Era a trigésima quarta vez que o ouviam, mas ainda não sabiam bem a canção. Era difícil de aprender. E o Mestre da Música Imperial teceu à ave os mais altos elogios: era superior ao rouxinol vivo, não apenas na aparência exterior, mas também no que tinha lá dentro.
— Sabem, senhores e senhoras e, acima de todos, Vossa Majestade Imperial, com o verdadeiro rouxinol nunca se sabe o que vai acontecer, mas com a ave de corda tem-se a certeza; é tudo fácil: podemos abri-la e ver como pensa, como cada nota segue a outra com precisão!
— Era isso mesmo o que eu estava a pensar — ouviu-se aqui e ali.
E, na segunda-feira seguinte, o Mestre da Música Imperial foi autorizado a mostrar publicamente o pássaro ao povo. Também ele devia ouvi-lo cantar, tinha declarado o imperador. E assim foi. E ficaram todos tão entusiasmados como se estivessem tontos de beberem muito chá, um antigo costume chinês. Disseram todos:
— Ah!
E levantaram os indicadores e acenaram com as cabeças.
Mas o pobre pescador, que tinha ouvido o verdadeiro rouxinol, afirmou:
— Lá bonito é... e até parece o rouxinol... Mas parece que falta qualquer coisa, não sei bem...
O verdadeiro rouxinol foi banido do reino do imperador.
O pássaro artificial recebeu um lugar especial numa almofada de seda junto da cama do imperador; empilhados à volta estavam todos os presentes que lhe tinham dado, todo o ouro e jóias. Foi distinguido com o título de Principal Trovador Imperial da Mesa-de-Cabeceira, Primeira Classe à Esquerda, porque até os imperadores têm o coração do lado esquerdo. O Mestre da Música Imperial escreveu um solene trabalho em vinte e cinco volumes sobre o pássaro mecânico. Era muito extenso e erudito, cheio das mais difíceis palavras chinesas. Mas toda a gente fingiu que o tinha lido e compreendido. Ninguém queria passar por estúpido!
Tudo isto continuou durante um ano, até que o imperador, a corte e o resto do povo chinês sabiam de cor cada notazinha da canção do passarinho de corda; mas, por isso mesmo, cada vez gostavam mais dela. Podiam cantá-la em coro — e faziam-no.
Os rapazitos da rua andavam por todo o lado a cantar: rrr, trrr, piu, piu, piu, e o imperador também cantava — um som maravilhoso, não havia dúvida.
Mas, uma noite, precisamente quando o pássaro de corda estava a cantar e o imperador, deitado na cama, o ouvia, qualquer coisa fez "crac!" dentro do pássaro. Brrrr! O mecanismo continuou a rodar, e a música parou. O imperador saltou da cama e mandou chamar o seu médico. Mas de que servia o médico? Então foram buscar o relojoeiro, e este, depois de muitas resmungadelas e mexidelas no pássaro, conseguiu arranjá-lo mais ou menos. Mas preveniu toda a gente de que tinha de ser usado muito poucas vezes; as peças estavam quase gastas por completo e não era possível substituí-las sem estragar o som.
Que golpe horrível! Não se atreviam a pôr o pássaro a cantar mais do que uma vez por ano, e mesmo isso já era um risco. Contudo, nessas ocasiões anuais, o Mestre da Música Imperial fazia sempre um discurso cheio de palavras difíceis, dizendo que o pássaro estava tão bom como sempre — e, claro, uma vez que ele dizia que sim, era porque ele estava tão bom como sempre...
Passaram cinco anos, e uma grande tristeza abateu-se sobre o país. O povo era muito amigo do imperador, mas ele estava gravemente doente e não se esperava que sobrevivesse. Já tinha sido escolhido novo imperador, e a multidão esperava nas ruas que o camareiro lhe desse notícias. Como estava o imperador? O camareiro abanava a cabeça.
Frio e pálido, o imperador jazia no seu leito real. Na verdade, a corte achava que já tinha morrido e foi a correr saudar o seu sucessor. Os criados de quarto foram a correr coscuvilhar uns com os outros e as criadas juntaram-se todas para beberem café. Tinham sido estendidos panos pretos em todos os salões e corredores para amortecer o som dos passos, de maneira que o palácio parecia muito, muito sossegado.
Mas o imperador ainda não tinha morrido. Pálido e imóvel, jazia na sua magnífica cama com longos cortinados de veludo e pesados cordões dourados. Através de uma janela aberta lá no alto, a Lua brilhava sobre o imperador e o pássaro artificial.
O pobre imperador mal podia respirar; sentia como se tivesse qualquer coisa a pesar-lhe sobre o coração. Abriu os olhos e viu a Morte sentada sobre ele. A Morte tinha a coroa de ouro do imperador na cabeça, numa das mãos segurava a espada imperial de ouro e na outra a esplêndida bandeira imperial. E, por entre os cortinados de veludo, espreitavam estranhos rostos: alguns horríveis e outros belos e bondosos. Eram as boas e as más ações do imperador, que olhavam para ele, enquanto a Morte se sentava sobre o seu coração.
— Lembras-te?... Lembras-te?... — diziam os rostos baixinho, um a seguir ao outro.
E contaram e lembraram tantas coisas que a testa do imperador acabou por ficar coberta de suor.
— Nunca soube... nunca percebi... — gritou ele. — Música, música! Toquem o grande tambor da China! Salvem-me destas vozes!
Mas as vozes não se calavam. Continuavam sempre, enquanto a Morte acenava com a cabeça, como um mandarim, a tudo o que diziam.
— Música! Dêem-me música! — pedia o imperador. — Belo passarinho dourado, canta, peço-te que cantes! Dei-te ouro e coisas preciosas; pendurei o meu sapato dourado ao teu pescoço com as minhas próprias mãos. Canta, peço-te, canta!
Mas o pássaro estava silencioso; não havia ninguém para lhe dar corda, e sem corda não tinha voz. E a Morte continuava a olhar fixamente para o imperador com as grandes órbitas vazias. Tudo estava calado, terrivelmente calado.
Então de repente, perto da janela, soou a mais bela canção. Era o verdadeiro rouxinol, que se tinha empoleirado num ramo lá fora. Sabendo do mal do imperador, o passarinho tinha voltado para o confortar e trazer-lhe esperança.
À medida que cantava, as formas fantasmagóricas foram desaparecendo, até se desvanecerem. O sangue começou a correr mais depressa pelo corpo do imperador. A própria Morte ficou presa à canção.
— Canta mais, canta mais, pequeno rouxinol! — pediu a Morte.
— Canto, se me deres a grande espada de ouro... sim, e a bandeira imperial... e a coroa do imperador...
E a Morte devolveu cada um dos tesouros em troca de uma canção e o rouxinol continuou a cantar. Cantou sobre o calmo adro da igreja onde cresciam as rosas brancas, onde as flores do sabugueiro cheiravam tão bem, onde a erva fresca está sempre verde por causa das lágrimas dos que ali choram os seus mortos. Então, a Morte encheu-se de saudades do seu jardim e saiu pela janela, flutuando como um nevoeiro gelado.
— Obrigado, obrigado! — disse o imperador. — Passarinho celestial, sei quem és! Eu bani-te do meu reino e, no entanto, só tu vieste ajudar-me, e afastaste os horríveis fantasmas da minha cama e libertaste o meu coração da Morte. Como hei de recompensar-te?
— Já me recompensaste — respondeu o rouxinol. — Quando cantei para ti da primeira vez caíram-te lágrimas dos olhos e essa dádiva não posso esquecer. Essas são as joias que não se compram nem se vendem. Mas agora tens de dormir para ficares bom e forte. Olha, vou cantar para ti.
E cantou e o imperador caiu num sono calmo e reparador.
O Sol brilhava sobre ele através da janela quando acordou, restaurado, desaparecidas a fraqueza e a doença. Nenhum dos criados tinha lá entrado ainda, porque todos pensavam que ele estava morto.
— Tens de ficar sempre comigo — disse o imperador. — Mas só cantas quando quiseres. E, quanto ao pássaro de corda, vou parti-lo em mil bocados.
— Não faças isso — respondeu o rouxinol. — Fez o que pôde por ti. Guarda-o. Eu não posso morar num palácio, mas deixa-me ir e vir à minha vontade, e à noite empoleiro-me neste ramo, junto da tua janela, e canto para ti. Hei de trazer-te felicidade, mas também pensamentos sérios. Hei de cantar sobre as pessoas felizes do teu reino, mas também sobre os que se sentem tristes. Cantarei sobre o bem e o mal, que têm estado sempre à nossa volta, mas que têm sempre escondido de ti. Os passarinhos voam em todas as direções, até ao pescador, à casinha do trabalhador, até junto de tantos que estão longe de ti e da tua corte magnífica. Amo o teu coração mais do que a tua coroa, apesar de a coroa ter algo de mágico. Sim, hei de voltar, mas tens de me prometer uma coisa.
— O que quiseres! — exclamou o imperador.
Tinha-se levantado e vestido as suas roupas imperiais e segurava a espada dourada junto do coração.
— A única coisa que te peço é isto: não digas a ninguém que tens um amigo passarinho que te conta tudo. É melhor guardar segredo.
E, com estas palavras, o rouxinol voou para longe. Os criados vieram ver o amo morto, mas ficaram ali especados!
— Bom dia! — disse o imperador.
Hans Christian Andersen